terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A falta, a companhia

“ Ela só queria ter alguém do lado, pra dizer baixinho o nome dela ...“

E essa frase representava exatamente o que se passava naquele universo, mas seu orgulho a impedia de admitir isso. Ela sabia uma coisa, ela tinha essa certeza, a de que não nasceu para ser e ficar sozinha. Ela ama sua companhia, ela ama estar consigo mesma, mas tem necessidade de dividir esse amor tão próprio com alguém ... mas quanto mais ela conhecia as pessoas mais ela se conscientizava do quão incónita ela é, do quão misterioso são a origem de seus sentimentos e do quão difícil era se compreender.
Outra certeza que ela tinha era a de ter o dom e a paixão de ouvir as pessoas, de sentir-se útil, de poder confortar nem que seja só sendo ouvinte, porém até essa certeza estava ficando pesada demais. Pois sempre que ela tentava ajudar seus problemas pareciam maiores e a recordava de ter que resolver os dela.  Aquele pequeno universo estava como um mar revolto, onde a correnteza puxa para baixo e não permite voltar, estava sendo mais forte que ela. Suas forças começavam a corroer seu coração avisando que se esvairia, deixando seu resto sozinho.
Ela tinha medo das renúncias que tinha feito, se perguntava se teria sido justa consigo e com ele, mas sabia que os questionamentos resumiriam-se  apenas nisso, pois já não adiantavam, era tarde demais.
Inevitavelmente ela tinha medo da estrada que se abria a sua frente, de não conseguir atingir o objetivo final e acabar com a dor e o arrependimento nas mãos. Como nunca, aquela menina, precisava fazer valer a pena e ela sabia como fazer isso, só não sabia onde sua força tinha se escondido. Um dia um homem chamado, Refúgio, a disse que ela sabia exatamente o que fazer para se ajudar, pois sempre soube o que faz. E de fato sabia, o desconhecido era apenas que atitude ter com o que fizeram de suas expectativas, afinal ela tinha o controle de seus atos, mas o ato alheio era incontrolável.
As coisas começavam a ficar claras, a desembaçar e novamente ela caia no mesmo ponto e inevitávelmente ainda se encontrava surpresa. Seus pensamentos a diziam: Oh minha menina, tente aceitar, pare de olhar o mundo com tanta pureza, pois há pessoas que procuram essa inocência sem a intenção de valorizá-la. Então pare de achar que pode melhorar tudo com suas boas intenções e entenda que nem todos são como você e por mais estranho que pareça são felizes assim, na satisfação do prazer e no encontro com a solidão. É confortável pra uns, mas insuportável para você, então ame-se mais com a certeza de que tudo dará certo, porque você sabe que dará, você é otimista. Só precisa recordar-se disso.
O pior é que ela sabia que sua fé se renova a cada dia e que ela não se deixaria abalar por mais um dia sequer, ela era assim, sabia o que merecia sua dor e o que era inútil. Esse é um problema inútil, por uma causa inútil, logo sua dor seria deixada na última letra aqui escrita, para durar o tempo que fosse preciso, porém sem estar dentro dela.

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