segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Despertar

Foi apenas uma promessa, que ela nunca pensou ser tão difiícil cumprir. Ela prometeu, a partir daquele dia, não derramar nenhuma lágrima por ele. Ele, o homem que por um tempo foi o motivo de tantos, arrisco dizer, melhores sorrisos, mas que ela não permitiria que fosse o motivo da falta deles. Ela sabia que não podia entregar sua felicidade nas mãos de um cara, que sua felicidade é dela, única e somente. Mas o encanto que cercava a história dos dois fazia com que ela cogitasse a idéia de que se ele não fosse o motivo, ele com certeza tornava sua felicidade muito mais completa e gratificante, como se com ele, realmente fizesse sentido. No fundo ela sempre soube o que iria acontecer, por mais que ele defendesse a teoria do otimismo, ela sabia o final da história, mas se permitia ceder aos encantos, fechar os olhos e fingir que acreditava na possibilidade de dar certo, quem sabe seu querer se tornava o bastante. No fundo ela queria aquilo, queria que ele fosse tudo que ela procurava, ela nunca procurou alguém perfeito, pelo contrário. Essa menina é apaixonada por imperfeições, ela acredita veemente que é isso que une as pessoas ... e era isso que queria encontrar, seu homem cheio de imperfeições, perfeitas para ela. E ela cruzava os dedos, como em suas brincadeiras de criança, rezando para que desse certo, mesmo com tudo que havia contra. Só que diferente dos contos, esse encanto acabou antes da meia-noite. Antes que ela pudesse ouvir o badalar do relógio, dançar a última música, saborear o último sorriso, acabou antes que ela pudesse sentir ser real. Tola, ela pensou e recriminou-se. Ela sabia que não estava sendo cruel, nem injusta. Era ciente de todos os seus atos, de cada erro, cada palavra com birra que foi dita, mas o punhal fincado sob o tal amor que sentia, não a permitia ter nenhum outro sentimento diferente de mágoa, repulsa. Ela sabia que por mais erros que ela tivesse cometido, isso ela nunca seria capaz. E mais uma vez se chamou de tola, por pensar que ele seria como ela, fiel, não só a compromissos pré-estabelecidos, mas ao sentimento que por escolha ou não, unia os dois. Seu quadro, que ela sempre fez questão de pincelar, começava a se desfazer, a ficar escuro, sombrio. E por mais que ela pensasse, não conseguia achar que ele estava errado. Eles não se pertenciam, não deviam explicações, não tinham nada. O erro foi dela, ela errou. Errou por esperar demais, por criar expectativas que ela se prometeu não criar, por pensar que mesmo sem haver nada, eles tinham o mais importante, o amor e que isso seria para ele, assim como para ela, o mais importante. Mas novamente, tola, ela começava a achar que era a única que vivia nesse mundo, que construiu achando que alguém cogitaria habitá-lo.
Se condenava pela dor que sentia, pois sabia que não havia qualquer traição, a não ser a de si mesma. Se martirizava por ter se traído, por ter permitido que um homem ferisse a cúpula que protegia seus sonhos, seus tão puros e inocentes sonhos. Mas naquele momento, ela se olhou no espelho, bem no fundo de seus olhos e prometeu-se  que jamais permitiria que alguém a fizesse perder a fé na pureza dos sentimentos que ela preservava. Prometeu, dessa vez ciente da dificuldade, mas colocando toda sua força como escudo, pois sua cúpula já havia sido furada. Por fim ela derramou uma lágrima, a mais rápida e ousada que por sua face já havia rolado. Aquela era uma demonstração de tantas outras que em seu peito habitavam, mas foi a única que não aguentou permanecer. As outras se continham, pois já haviam entendido que eram bem mais valiosas que aquilo. Ainda de frente ao espelho aquela menina disse uma única frase, como se seu tão dito refúgio pudesse ouvi-las, ela disse: Não foi só um beijo. As decisões que cercavam aquela pequena e imatura mente, de uma menina sonhadora demais, não era atormentada pelo ato de um beijo, mas pelo que ele representava. Antes ele nunca tivesse dito que a amava, pelo menos a existência daquele beijo não a doeria tanto. Ele a fez acreditar que era verdadeiro, mas em segundos a fez questionar cada palavra que saira por seus lábios. E apesar de não ser uma sonhadora ciumenta, ela estava cansada de imaginar sequer um beijo dele que não fosse dirigido somente a ela, a dor que isso a causava era grande e exaustiva demais. Então, decidida a recomeçar sozinha,  aquele pequeno ponto de insegurança e medo, foi dormir. Como uma forma de fuga da realidade que então, a machucava demais.

"O vento vai dizer
lento o que virá,
e se chover demais,
a gente vai saber,
claro de um trovão,
se alguém depois
sorrir em paz."

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Renúncia

Estou desentendida, já não sei mais sobre meus pensamentos, tudo ficou incerto demais ... como sempre.  Todo mundo quer opinar e dentre tantas opiniões me assusta o fato de eu concordar com boa parte delas, mas não querer fazer nada em relação a isso. Me cansa pensar em tudo que tem por vir e novos problemas definitivamente não é algo que eu preciso agora. Não dá para me preocupar com meus sentimentos, não dá para sofrer agora, essa dor vai ter que esperar. Eu tentei, como eu tentei fazer com que nada chegasse a esse ponto, com que as coisas não tomassem essa proporção, mas já que tomou, vou enfrentar tudo isso, tomar a decisão necessária e não me abalar com as consequências. Porque eu quero calma, paz, tranquilidade, não só quero, como preciso disso. 2011 é um ano decisivo da minha vida, é o começo da minha busca por um sonho, minha vida se resumirá em antes e depois deste ano, eu quero que seja assim e vou precisar ser egoísta para isso. Eu vou vetar o que for preciso na minha vida para que nada venha a me atrapalhar. O tempo todo eu sempre pensei nos outros, nos sentimentos daqueles que eram importantes para mim, pensei tanto que acabei me esquecendo, privando meus sentimentos de crescer, me privando de crescer, porque eu estava preocupada demais em ajudar os outros. Mas e eu ? Quem vai cuidar de mim ? Não vou destinar a ninguém esse cargo. É claro, quem o quiser será muito bem vindo, mas primeiramente quem vai cuidar de mim sou eu. Chega, chega, chega, está na hora de me colocar em primeiro lugar. Sei que muitos me criticarão, as pessoas têm muita facilidade em fazer isso, muitos abrirão a boca para dizer que sou egoísta. Mas honestamente falando, eu não me importo, sou e estou consciente do que faço. Sei perfeitamente que estarão certos, estarei sendo egoísta, mas, como poucas vezes, não iriei achar isso um defeito ou alguma forma de egocentrismo exagerado. Não, eu apenas colocarei os meus objetivos a frente com a consicência de que eu sou a única que posso fazer realmente algo para alcançá-lo, tudo que eu preciso para conseguir essa conquista está em minhas mãos, depende de mim. Eu sei que têm muitas pessoas que torcem para que eu consiga, sei que muitos irão pedir a Deus por mim, mas também sei que eles torcem pois acreditam no meu potencial e eu prometo não decepcioná-los. Até hoje eu sempre vivi espelhada no lema de que não preciso provar nada a ninguém, mas hoje eu estou mais do que certa que preciso, só que preciso provar a mim. Eu preciso me provar que consigo, que posso e que vou. Eu fecho os olhos e vejo tantas escolhas e decisões que tenho que tomar, decisões que gritam de urgência e quando abro os olhos meu coração me ensurdece pedindo para que eu não faça isso, grita avisando que vou me machucar, que vai doer e que vou ferir pessoas que amo. Mas, eeii, coração? Eu te dou férias esse ano. Isso mesmo, férias, você não vai mais precisar se preocupar comigo, pode descansar, eu sei o quanto você precisa disso, o quanto eu cansei você ano passado. Sei como 2010 foi difícil, então vai, descanse e me deixei descansar também, mas só uma coisa ? Prometa que vai sem deixar vazio ? Sem me causar nenhuma dor ? Eu preciso do lugar ocupado por você em total silêncio e depois quando você voltar, pode fazer o estrago que precisar, eu prometo que aguento. 

Parece que posso prever quantas desculpas terei que pedir, quanta coisa terei que ouvir e ficar calada, mas eu não sou tão forte, minha estrutura não aguenta tanta turbulência ao mesmo tempo. Preciso da minha vida pessoal em ‘off’ por um tempo. Eu sei que deveria ter pensado nisso antes de deixar tudo chegar onde chegou ... é, eu juro que tentei, mas não consegui. Acho que deixei meu coração falar por mim uma última vez e acabei me perdendo, mas o estrago que vai causar a mim é o que menos me importa no momento, eu me viro, tive que aprender a me virar, aprendo de novo. Eu apenas não queria causar dor a ninguém, magoar ninguém com meu egoísmo. Mas como diz a música: cada escolha, uma renúncia, isso é a vida. Eu estou tendo que fazer minhas renúncias, justas ou não, e elas sempre, sempre são doloridas, pelo menos na minha vida, isso tornou-se uma regra. Meu egoísmo me traz uma das sensações que menos gosto de sentir, a solidão. Isso, de me sentir sozinha, me apavora. Entre meus muito mais erros que acertos eu vou tentando desvendar esse campo minado, com os olhos vendados, mas usando o pouco que sei e toda a minha fé para chegar ao destino final. Quero finalizar esse post com apenas uma palavra, que sei que será muito usada por mim durante um tempo, DESCULPA.